Marinha
cria projeto para combater tráfico de drogas e armas pelo mar
Recursos já foram liberados para compra de radares
e câmaras térmicas
Publicado
em 05/09/2018 - 20:04
Por Vladimir
Platonow - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
A ação de traficantes de drogas e
armas, que estão utilizando vias marítimas para driblar a fiscalização nas
estradas, é o principal foco do sistema desenvolvido pela Marinha do Brasil
para monitoramento da costa brasileira. Batizado de Sistema de Gerenciamento da
Amazônia Azul (SisGAAz), o projeto começará pela Baía de Guanabara, em sua
primeira fase, e se estenderá até a costa de São Paulo.
Para viabilizar a iniciativa, o
ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e o comandante da Marinha,
almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, assinaram, nesta quarta-feira (5),
documento autorizando o repasse de R$ 20 milhões, em uma primeira etapa, e de
mais R$ 20 milhões, em um segundo momento, para sua ampliação.
O ministro Raul Jungmann assina acordo que libera recursos para a
Marinha implantar sistema de monitoramento contra o tráfico de drogas e armas
pelo mar - Fernando Frazão/Agência Brasil
Na primeira fase, o dinheiro será
utilizado na compra de equipamentos, como radares e câmeras térmicas
infravermelhas, para visualização noturna, e o desenvolvimento de um programa
de computador totalmente nacional para gerenciar o sistema.
“Nós já fizemos um cerco pela
área terrestre do Rio de Janeiro, nas rodovias federais, através da Polícia
Rodoviária Federal. Então nós temos que fechar e blindar o Rio também pela via
marítima. Este projeto vai permitir que se monitore todo e qualquer tráfego
marítimo, na Baía de Guanabara, e depois em Angra dos Reis, se estendendo até
Santos. Os principais portos, onde saem e entram mercadorias em navios, estarão
monitorados e será um golpe no tráfico de armas e de drogas”, disse Jungmann,
no Comando de Operações Navais, no centro do Rio.
O comandante da Marinha comemorou
o aporte de recursos e destacou a importância do projeto no combate ao crime
organizado. “Uma das pretensões do projeto é o combate à criminalidade,
ultrapassando a GLO [Garantia da Lei e da Ordem]. Permitindo fornecer
inteligência às demais agências em caráter permanente. Este projeto vai
estabelecer o sistema de vigilância e controle na Baía de Guanabara, composto
de radares e câmeras térmicas, o que vai permitir detectar e identificar as
embarcações, buscando aquelas que estão cometendo algum tipo de ilícito”, disse
o almirante.
Detecção de aviões
Em outra frente de combate,
segundo o ministro Jungmann, o Brasil vai instalar, ainda este ano, um novo
sistema de radares para detectar pequenos aviões que voam em baixas altitudes,
geralmente usados por traficantes e contrabandistas, nas fronteiras com o
Paraguai e a Bolívia. Atualmente, os radares que o país tem na região são
voltados para a defesa do espaço aéreo, com foco em aviões voando a grandes
altitudes.
“Segundo a Aeronáutica, fechado o
acordo, transferidos os recursos, em três meses eles começam a operar. Isto
significa fechar, por via aérea, nossas fronteiras para o tráfico de drogas.
Nós estamos fechando aqui por via marítima os principais portos do Brasil, Rio
de Janeiro e Santos, e as baías ao longo do litoral, e nós vamos fechar também
a fronteira com dois países com quem temos dificuldades críticas em termos de
ilícitos transfronteiriços. Nós vamos fazer isso antes do fim do ano”, garantiu
Jungmann.
Fim da intervenção
O ministro comentou ainda a
dificuldade de se prorrogar a intervenção no Rio de Janeiro após 31 de
dezembro, porque complicaria o trâmite político do próximo presidente da
República, já que a Constituição veda mudanças em seu texto na vigência de
intervenção em algum estado. No entanto, as tropas federais continuariam no
estado.
“Isto é constitucional. Portanto,
eu acho muito improvável que ela continue. Hoje, o mais adequado é deixar de
lado a intervenção, por conta desse problema político, pois nenhum presidente
da República vai deixar de ter projetos de emendas constitucionais, mas
mantendo a Garantia da Lei e da Ordem, que é contar com todos os recursos das
Forças Armadas, seguindo o planejamento traçado pela intervenção”, disse
Jungmann.
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Edição: Davi
Oliveira
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