Em ato na Avenida Paulista, manifestantes pedem novas eleições
- 04/09/2016
18h31
- Brasília
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Manifestantes protestam na Avenida
Paulista, neste momento, em São Paulo, contra o impeachment de Dilma Rousseff,
afastada do cargo pelo Senado Federal, na semana passada. Eles pedem a saída do
presidente Michel Temer e a realização de novas eleições para presidente no
país. O protesto foi organizado pelos movimentos Frente Povo Sem Medo e Frente
Brasil Popular, contando com a participação de políticos.
“Hoje é mais uma mobilização
popular pelo Fora Temer exigindo Diretas Já, eleições para presidente do país,
e defendendo nossos direitos”, disse Guilherme Boulos, um dos líderes do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, em
entrevista à Agência Brasil. “Queremos reafirmar também nosso direito à
manifestação. É escandaloso o que foi feito pela Polícia Militar e pela
Secretaria de Segurança, não só aqui [em São Paulo], nas manifestações dessa
última semana”.
A concentração foi marcada para a
frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde os manifestantes estão, neste
momento. A ideia dos organizadores é seguir em caminhada até o Largo da Batata,
passando pela Avenida Rebouças. Apesar de, neste momento, o ato ocorrer de
forma pacífica, houve momento de tensão, quando uma fila de policiais militares
começou a chegar ao local, acompanhada de vaias e gritos de frases como
"Queremos o Fim da Polícia Militar e Fascistas". Um dos manifestantes
arremessou uma garrafa em direção aos policiais e um dos policiais ameaçou
responder, mas isso não aconteceu. Do caminhão de som, os organizadores pediram
calma aos manifestantes, pedindo que não respondessem a provocações.
Em São Paulo, a semana foi marcada
por protestos contra o impeachment de Dilma Rousseff e por
pedidos de Fora Temer. Houve protestos de segunda a sexta-feira e, em todos,
houve repressão da Polícia Militar e violência. Em um deles, uma manifestante
apresentou ferimentos no olho e corre o risco de perder a visão. Nos últimos protestos,
foi constatada a presença deblack blocs, com depredações de bancos e de
lojas.
“Não esperamos confronto nenhum
[hoje]. Nosso confronto é com o governo golpista. Mas nosso objetivo aqui não é
ter enfrentamento na rua. Nosso objetivo é fazer com que a manifestação
aconteça e dê o seu recado para o Brasil todo do que nós queremos”, disse
Boulos.
Para Vagner Freitas, presidente
nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e um dos líderes da Frente
Brasil Popular, o ato de hoje na Avenida Paulista é fechado em três temas: “É o
Fora Temer e esse desgoverno ilegítimo; nenhum direito a menos, porque o que se
apresenta é a retirada de direitos dos trabalhadores e sociais e da democracia;
e o povo quer lutar. Consideramos esse governo ilegítimo e seria importante,
para voltar a normalidade democrática, que a população pudesse ser atendida em
uma votação direta para legitimar o governo”, disse.
Freitas disse não esperar por
confrontos no protesto de hoje. “Da nossa parte, não. Mas não tenho dúvida
nenhuma de que a imprensa deve denunciar ao mundo a escalada de violência que
vive o Brasil. É lamentável que uma menina perca a visão, não sei se perdeu,
espero que não, mas essa possibilidade dela perder a visão, e a polícia não
fazer nada e o secretário não dar uma reclamação sobre isso."
Segundo o presidente da CUT, os
manifestantes decidiram fazer uma caminhada – e não ficar parados na Avenida
Paulista, para indicar que “estão em movimento”. “Movimento é movimento.
Queremos demonstrar que estamos em luta e na rua e não vamos ficar parados”.
A Agência Brasil procurou
o Palácio do Planalto para saber se o presidente iria se manifestar sobre os
protestos de hoje no país, mas a resposta foi de que não haveria declarações
sobre o assunto.
A Polícia Militar não divulgou o
número de manifestantes até este momento.
Polêmica
O protesto deste domingo começou
com uma polêmica. Na última quinta-feira (1), após uma sequência de protestos
violentos diários na cidade de São Paulo [em todos eles, com forte repressão
policial e, nos dois últimos, com a presença também de black blocs,
a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que o protesto de domingo,
marcado para a Avenida Paulista, estaria proibido. O protesto havia sido
convocado pela internet pelos movimentos Frente Brasil Popular e Frente Povo
Sem Medo, para o horário das 14h, em frente à sede da Fiesp. Mais de 20 mil
pessoas confirmaram presença ao ato nas redes sociais.
Uma das razões para a proibição do
protesto foi a de que este poderia prejudicar a passagem da Tocha Paralímpica,
no mesmo local, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Outro motivo foi o
fato de que os organizadores não tinham avisado o órgão sobre o ato. Em nota, a
secretaria ressaltou que, conforme determina a Constituição, é obrigatória a
comunicação de hora, local e trajeto em que se realizarão os atos públicos.
"Para que sejam preservados
os direitos das pessoas que não participam das manifestações e garantida a
ordem pública, será evitado o fechamento das vias importantes da cidade. A SSP
informa ainda que até o momento não recebeu qualquer comunicado oficial de
movimentos organizados dando ciência da realização de manifestações públicas
nos próximos dias”, diz a nota nota.
Na sexta-feira (2), a secretaria
divulgou nova nota, informando que, em reunião com organizadores e o prefeito
Fernando Haddad, o protesto seria liberado, sob a condição de ser adiado para
mais tarde, às 16h30, para prejudicar a passagem da Tocha Paralímpica, entre as
13h20 e 14h10. “A Secretaria de Segurança Pública, após entendimentos com a
Prefeitura de São Paulo e os organizadores da manifestação convocada para este
domingo (4), informa que será permitida a concentração de manifestantes na
Avenida Paulista a partir 16h30. A SSP esclarece que, no horário acordado, o
evento de passagem da tocha paralímpica, cerimônia oficial da Rio 2016, já terá
sido encerrado”, dizia a nota da secretaria enviada à imprensa na sexta-feira
(2).
“Em primeiro lugar, não entendemos
que caiba à Secretaria de Segurança ou à Polícia "permitir" ou não
uma manifestação popular. A Constituição nos assegura este direito. De toda
forma, não é de nosso interesse prejudicar a passagem da tocha. Por essa razão,
buscamos a informação exata do horário de passagem da tocha na Avenida
Paulista, que será das 13:00 as 14:10”, escreveu o MTST, que compõe a Frente Povo
Sem Medo, em nota enviada à imprensa na última sexta-feira.
“Não pretendemos qualquer conflito
e esperamos que a PM tenha o equilíbrio necessário para lidar com o evento,
garantindo a liberdade de manifestação. Reiteramos que não iremos impedir nem
prejudicar a passagem da tocha paraolimpica. Ainda buscando uma solução que não
seja o enfrentamento com a PM estamos alterando a concentração para a frente do
Masp”, acrescentou o movimento.
Edição: Maria Claudia
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