Irã
poderá intervir militarmente no Paquistão para eliminar células terroristas?
Enquanto no próprio Irã decorre
ativamente a corrida presidencial, na frente externa se adensam mais nuvens
negras sobre o país. A elevada tensão se criou, desta vez, nas relações com seu
vizinho de sudeste, o Paquistão.
Anteriormente,
guardas de fronteira iranianos que estavam patrulhando o território da cidade
de Mirjaveh, na província de Sistão-Baluchistão, foram de repente atacados por
um grupo de terroristas fortemente armados. Na sequência do confronto, morreram 10 guardas de fronteira, enquanto 3
ficaram feridos. Os criminosos, por sua vez, conseguiram se refugiar em
território paquistanês.
Os diplomatas iranianos
apresentaram seu protesto à parte paquistanesa e exigiram que a segurança fosse
melhor garantida. O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas iranianas,
general de divisão Mohammad Hossein Bagheri, também reagiu com dureza ao
assunto. Em um programa do canal IRINN, ele afirmou: "Infelizmente, o território
fronteiriço em terra paquistanesa se tornou um refúgio e polígono de
treinamento para os terroristas contratados pela Arábia Saudita com o aval dos
EUA."
Além disso, o general ameaçou
abrir fogo em resposta às provocações.
"A situação existente na fronteira
comum é completamente inaceitável para nós. Esperamos que as autoridades
paquistanesas tomem controle da fronteira, detenham e extraditem os
terroristas, bem como liquidem suas bases. Caso os ataques continuem [a partir
de território paquistanês], nós vamos efetuar ataques demolidores contra os
refúgios e campos dos terroristas, onde quer que eles estejam", advertiu o
militar iraniano.
A Sputnik
Persa efetuou uma pesquisa sobre a hipótese de o Irã conduzir uma
operação militar antiterrorista em território paquistanês. O especialista
permanente da Sputnik e editor executivo da edição Iran
Press, Emad Abshenass, esclareceu que o país não está planejando
qualquer ato de agressão contra seu vizinho, mas está pronto para desferir um
golpe simétrico para garantir sua segurança.
"As relações do Irã com seu
vizinho sudeste têm sido sinceras e amistosas desde a fundação da República
Islâmica do Paquistão até hoje. Infelizmente, o último incidente teve a
participação de uma terceira parte — a Arábia Saudita. Visando criar
discórdia entre os nossos dois países, Riad financiou as estruturas
políticas e militares em Islamabad com o fim de criar campos para os
terroristas no território paquistanês, os quais se poderá a qualquer momento
enviar com uma ‘missão' extremista até às fronteiras orientais do Irã. Seu
objetivo final é penetrar dentro do Irã e minar o sistema de segurança do
país", assegurou.
© AFP
2017/ A MAJEED
Segundo o
jornalista, os iranianos estão, com efeito, preocupados com o problema e
esperam que as autoridades paquistanesas acabem por tomar o controle dos
territórios fronteiriços.
"É de assinalar que os
terroristas têm polígonos de treinamento precisamente no território
paquistanês. Ao mesmo tempo, o potencial do Exército paquistanês lhe permite
não só reduzir, mas até liquidar todos os campos e bases dos terroristas",
sublinhou ele, adiantando que, em conformidade com o direito internacional, o
governo paquistanês não deve permitir que no seu território haja polígonos e
quaisquer bases de extremistas que possam ser usados para atacar os territórios
vizinhos.
"De acordo com todas
as normas e regras, o Irã, em caso de outro ataque terrorista, tem o
direito de empreender medidas de resposta, tanto mais que todas
as advertências em relação a isso já foram expressas à parte
paquistanesa", destacou.
De acordo com o especialista, o
Irã já emitiu os respectivos avisos, tanto no sentido político como militar, aos
seus vizinhos. Estes avisos "não devem ser compreendidos como uma ameaça
de agressão ou ataque militar por parte do Irã contra seu vizinho", já que
neste contexto "o Irã se vê obrigado a garantir sua segurança".
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